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RESENHA DO GRITO ROCK PETRÓPOLIS 2011

By Rádio Microfonia (www.radiomicrofonia.com.br)


Grito Rock Petrópolis inaugura, ao lado de Volta Redonda, a série de eventos no estado do Rio de Janeiro. Até o mês de abril, 21 cidades promovem o Festival Grito Rock em sua região. Em Petrópolis, o evento foi organizado pela Petrópolis Inc, coletivo artístico com intuito de fomentar a produção cultural local.

Grito Rock Petrópolis inaugura a série de eventos no estado do Rio de Janeiro ao lado de Volta Redonda. Até o mês de abril, 21 cidades promovem o Festival Grito Rock em sua região.

Em Petrópolis, o evento foi organizado pela Petrópolis Inc, coletivo artístico da cidade criado com o intuito de fomentar a produção cultural local. Formada há um ano, eles vêm promovendo diversos eventos de integração entre as bandas da cidade.

Para o Grito Rock, a Petrópolis Inc preparou no Sport Club Magnolia um festival de artes integradas, com exposições de fotos, artes plásticas e muita música, é claro. Em pleno verão escaldante do Rio, a cidade proporcionava um clima ameno e aconchegante, além da beleza histórica e turística já conhecida nacionalmente. Ainda cedo, do lado de fora da casa, já era possível avistar uma pequena fila se iniciando com jovens afoitos por diversão e música em uma cidade que oferece poucas opções para os fãs do rock n’ roll.


Tuc TucAbrindo o evento, a Tuc Tuc revelou-se intrigante não apenas no nome, mas também em sua curiosa mistura de rock inglês com efeitos eletrônicos, sintetizadores e um posicionamento pop-vanguardista.

O trio abusava indiscriminadamente de efeitos vocais em músicas dançantes com certa influência de Radiohead fase In Rainbows, além do novo indie rock. A platéia que ia se formando acompanhava as canções autorais do grupo com grande interesse. Revezando-se nos instrumentos, os músicos às vezes valiam-se de bateria eletrônica e sintetizador, com ambos cantando em conjunto. Terminaram o show com uma música em castelhano, cover de Por Que Te Vas, da cantora Janette. A Tuc Tuc está lançando seu primeiro trabalho pelo selo Bolacha Discos. Grata surpresa.

A segunda banda a subir ao palco foi a Zelda Scotch. A presença das meninas chama atenção de cara. O vocal feminino, apesar de baixo no início, foi logo corrigido e a banda, muito aplaudida. A casa vai enchendo rapidamente e o público demonstra empolgação com o hard punk de letras em português e nítida influência de Runaways. A banda demonstrou possuir público cativo que reconhece várias músicas logo nos primeiros acordes e canta os refrões em uníssono.

Após o momento de ternura roqueira, um contraste grotesco com a terceira banda, Controle, em um metalcore crossover com influências grind. Letras de cunho social, discursos de protesto e a roda logo abre, a convite da banda. As meninas, empolgadas, rapidamente adentram a roda. Os seguranças observam atentos sem nada fazer.

Apesar do caos inicial e da insanidade dos petropolitanos (eles se espancavam pra valer e depois pareciam voltar a ser melhores amigos) nada de grave aconteceu, nenhum machucado, nenhuma confusão. O vocalista, misturando rap em alguns momentos, se comunica bem e anuncia diversas músicas, a maioria com teor combativo. Em determinado momento ele comenta de um amigo que morreu nas mãos de policiais e emenda uma canção porrada com letra crítica às fardas. Ao final a banda inteira dá mosh, ancorada na platéia recheada de amigos e entusiastas.


A quarta banda é a Send U Back, power trio de hardcore melódico onde baixo, bateria e guitarra dividem os vocais. O grupo apresenta nítida influência de Raimundos, Garage Fuzz e Dead Fish em canções rápidas e divertidas, como ‘Feia pra Caralho’, em que anunciam como sendo ‘música de amor’. Hardcore para divertir.

E como já é de costume dos cariocas, o tão famoso e freqüente mosquito da dengue definiu uma grande mudança de última hora no evento. A banda Stripclub não pôde se apresentar porque um de seus integrantes ardia em febre naquele momento.





Em seu lugar, foi convidada a Martiataka, diretamente de Juiz de Fora (MG), que aceitou prontamente o convite de cima da hora. Causaram boa impressão com um rock enérgico e o vocalista performático revelando-se ótimo cantor. A platéia, que desconhecia a banda, foi aos poucos deixando-se envolver. Após cover da banda Camisa de Vênus (Eu Não Matei Joanna Dark emendando em Bete Morreu), a Martiataka já tinha o público em suas mãos, que a este momento cantava e dançava empolgadamente. Mais canções autorais e fecharam com Quick Out the Jams, cover da cultuada proto-punk MC5.





Drenna sobe ao palco logo em seguida. Além de ótima cantora, é também excelente guitarrista e impressiona com seus solos de guitarra. O baterista saúda o público com a divertida pergunta ‘isso é Grito Rock ou igreja?’. Quebram o gelo com a platéia, que dá risadas e responde empolgadadamente o óbivio: eles querem rock. A banda emenda a canção ‘Antes que o Tempo Passe’, em ótimo arranjo de bateria. Ao vivo, as músicas ganham peso e energia, apresentando uma roupagem mais roqueira e até ousada em relação ao disco. O baterista deu show, usando as caixas de som em sua performance. Logo depois, apresentam uma cover de Dick Dale, em ótima performance no solo. Deixaram ótima impressão na platéia.


Logo depois a Neutrônica entra, apresentando um space rock pesado recheado de sintetizadores. Abriram com duas músicas de letras em inglês onde a influência do space rock se faz muito forte com sonoridade suja porém etérea, principalmente pelos sintetizadores. Em seguida a banda emenda em canções de letras em português e parte para o rock n’ roll básico, soando mais sessentista. O vocalista alternava bons vocais graves com trechos em falsete.

Destaque para Deyanira, baterista que, mesmo grávida de oito meses, segurou o ritmo não apenas na música, mas também ajudando na produção do evento.


Fechando a noite, a aguardada Autoramas ainda encontrou insones na platéia que, mesmo cansados, sacudiram ao som do surf-garage rock do trio. A banda deixou de lado o repertório de seu último disco acústico para focar no penúltimo e roqueiro Teletransporte, à venda na banquinha do evento junto a EPs em vinil da Gravadora Discos, de Gabriel (o vocalista), especializada em lançamentos no formato.



As famosas coreografias não podiam faltar, assim como os diversos efeitos de pedais de guitarra, dando nova cara à surf music que, por isso mesmo, deixa de ser básica. Algumas instrumentais, uma canção em inglês (‘Couldnt Care At All') e sucessos como 'Nada a Ver', 'Fale Mal de Mim' e 'Hotel Cervantes'. Terminam com uma ótima cover de ‘Surfin Bird', dos Trashmen, famosa pelo 'papa-uma-ma'.

Realizado através de parcerias entre as bandas locais, o Grito Rock Petrópolis viabilizou que artistas de fora se apresentassem na cidade, fomentando o intercâmbio cultural entre ambos. O coletivo Petrópolis Inc acerta em cheio ao apostar na colaboração entre os envolvidos e já avisa que mais ações como esta virão. Olho neles.




*Mais fotos do evento aqui:
http://www.flickr.com/photos/ponteplural



Publicado dia 22/06/2011 às 14:23:14 por RAFAEL LAGE
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